sábado, 14 de novembro de 2009

O Brasil não está pronto para ver o mundo

Por favor, cancelem as olimpíadas, a copa do mundo e qualquer tipo de convenção internacional planejada de rolar nas terras tupiniquins. O brasileiro não está pronto para ver o mundo. Isso é algo que eu desconfio há bastante tempo. Hoje eu confirmei.

André Forastieri é Diretor Editorial da Tambor Digital, editora responsável por diversas publicações aqui no Brasil. Dentre elas, a revista EGM Brasil (agora EGW) na qual trabalhei. Além de muitos outros veículos, o jornalista escreve em seu blog pessoal no R7. Recentemente estourou a notícia da carne de cachorro vendida ilegalmente para restaurantes brasileiros. O Forasta não conseguiu se segurar e escreveu sobre. Eu o entendo.

O cara já comeu de tudo que você pode imaginar. Se você não acredita, clique aqui e veja. Até aí tudo bem. Só que ele afirmou que comeria carne de cachorro numa boa. Pronto, aí a bomba estourou. Até o momento, são 149 comentários e, destes, uns 135 dizem que ele vai queimar no mais poderoso fogo do inferno. O mais legal de tudo isso é saber que vou encontrar com ele novamente, visto que – como você viu aqui -falaram que também estou programado para este tour póstumo.

A verdade é que o brasileiro não aprendeu a respeitar a cultura alheia. Por aqui é tudo muito bonito. Se acontece qualquer tipo de evento negativo, abrem a boca e soltam que “No Brasil é assim”. Qual o problema, portanto, dos Coreanos (e outros tantos) apreciarem a carne do nosso companheiro quadrúpede? A maioria por aqui adora uma picanha. Já na Índia morreríamos por isso – sem ter a chance de nos explicar antes de fazer a viagem para o lar do capeta. O que me leva a crer que a Índia também não está pronta para ver o mundo. Mas este é um outro assunto. O que quero dizer é: matar a vaquinha e fazer um happy hour na churrascaria, pode. Carne de coelho? Uma delícia. Esqueçam a páscoa e vamos lá, melhor ainda se for ao molho madeira, né? Mas com o cachorrinho, não pode.

O que me deixou mais triste com essa história é o seguinte: o camarada que lê um blog no R7 tem um mínimo de instrução. Não é completamente ignorante e nem perfeitamente alienado. Mas não tá sabendo raciocinar. Cito o caso da nossa querida Elisa, que comentou no blog e linkou vários autores para profetizar sua energética colocação. A bonita parafraseou Darwin, Schweitzer, Salete, Pitágoras, Schopenhauer e Lincoln. Claro que, no estandarte da autenticidade de suas palavras saiu apenas uma frase, “sua cara me dá nojo”. Muito bem colocado. E gostaria eu de saber quem é Olympia Salete. Vou procurar no Google depois. Mas enfim... Entendemos que é este o “intelectual” que estamos formando por aqui.

Eu não estou defendendo ou criticando o consumo do animal cachorro. O que sou contra, é evidente, são as maneiras como os animais eram criados e abatidos – longe das normas do consumo saudável, para nós e “para eles”. O que defendo, é a liberdade do ser humano de fazê-lo. Também defendo com garras e dentes a cultura que a cada dia que passa está mais fraca e, quando expressada por uma maneira simples – como a culinária – sofre esse tipo de retaliação.

Os eventos internacionais vem aí. Eu só quero ver um jornalistinha esperto fazer uma suíte qualquer sobre esse assunto. Os Coreanos que se cuidem. Ou que nosso país feche as portas, até termos condições de aceitar as diferenças com o próximo que, sem dúvida alguma, é mais importante que um animal.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Censura... Divina?


Recentemente recebi um e-mail.

Segundo aqueles que me repassaram, a mensagem vinha do “divino”, um pedido de ajuda. O conteúdo era simples: crucificar um suposto filme – dito “Corpus Christi” – que estrela Jesus Cristo tendo relações homossexuais com seus fiéis. A idéia do e-mail era aderir assinaturas para que tal produção não fosse exibida no Brasil. Minha dúvida foi simples e direta: por que raios isso veio parar nas minhas mãos?

Não me contive e respondi. Não por picuinha, por obrigação. Era como um chamado dos céus para que eu criticasse. É claro que, agora, minha caixa de entrada no hotmail está cheia de mensagens dizendo que vou queimar no inferno. Então, melhor me justificar antes de fazer tal viagem.

Não tenho conhecimento pleno sobre todas as idéias que Jesus pregava. Mas o que me parece absurdo é o suposto filho de Deus pregar a censura. Este é o caso aqui: falamos em nada menos que roubar o direito de expressão de uma pessoa. Até onde remete meu conhecimento, aquele que morreu há 2009 anos utilizava das palavras para convencer os demais – e não as calava para tanto.

Vamos lá: desde 1.988 D.C o Brasil tem na constituição algumas Clausulas Pétreas. Este nome atípico define que termos específicos não podem ser revogados a menos que a constituição inteirinha vá para o espaço. Dentre elas, encontramos duas muito bacanas: “Todo ser humano tem direito a vida” e “Todo ser humano possui livre direito a expressão de pensamento”. Tudo bem, camaradas, concordo que a vida de Jesus foi tirada injustamente, mas lembremos que isto aconteceu fora das terras tupiniquins e, de lá para cá, contamos mais de dois mil anos de evolução. O que não podem é, hoje, tirar nosso direito de divulgar nossas idéias.

Um filme é uma manifestação artística. É uma história contada pela ótica de um diretor, e que não é necessariamente melhor ou pior que a sua ou a minha; da mesma forma, também não é mais ou menos verdadeira. Estas expressões de idéias são geralmente fictícias, narram uma história e, em casos de bons filmes, trazem alguma mensagem e nos ensinam algo. Exigir que um filme não seja exibido no Brasil é clamar pela censura. O triste é observar que há os que pregam está prática e, por vezes, nem percebem isso.

Para fechar, não venham me dizer que não existe censura ou que este não é o caso. Quero assistir o filme onde a Xuxa tem relações com uma criança – alguém pode me indicar onde comprar? Também quero ler a biografia não autorizada do Roberto Carlos, aquela cujas edições foram queimadas. Agora, diabos, quero assistir Jesus Cristo tendo relações sexuais com um de seus fiéis. E absolutamente isso não me faz mais ou menos humano. Apenas representa o meu direito de fazê-lo e, respectivamente, do diretor em se expressar.

Da ditadura, amigos, fico com o “Milagre Brasileiro” e o avanço da economia. O restante, prefiro que sejam lembranças. E nada mais.



segunda-feira, 20 de abril de 2009

Quanto vale um gol?


Sabe uma coisa que tenho pensado ultimamente? Tenho me perguntado quanto custa um gol. Não, não estou falando do carro. Estou falando do mais querido do Brasil, a famosa bola na rede.

Eu discordo muito mas muita gente diz que o Brasil é o país do futebol. E é muita gente mesmo, hein. Consciente coletivo, posso me manifestar contra mas não desfaz o fato que é. Fato, digo, que dizem, não de ser. Deu para entender, né?

Os escândalos de futebol estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Primeiro foi o jogo do Santos que deixou a Lusa de fora. Agora veio esse do Flamengo. Até mesmo para os mais céticos (ou esperançosos) os indícios começam a ser realmente alarmantes.

Será mesmo que até o futebol é comprado neste país? Eu gostaria muito de dizer não. Mas hoje eu não sei se posso falar isso com convicção.

De qualquer maneira, vou deixar um recado. Camaradas, não aloprem o futebol. E não façam isso mesmo. Roubem a prefeitura ou até mesmo o Estado. Roubem o plano de saúde, escondam 25 milhões no exterior como nosso querido Maluf. Estourem seus cartões de crédito nos puteiros de Brasília. Aumentem o imposto de renda. Isso não são bem conselhos. Conselho, de verdade, eu tenho um só: Não aloprem o futebol.

Brasileiro é um povinho comodista que só. Mas quando cair na real que vocês estão roubando o futebol deles, que as lágrimas que derramam nos estádios estão sendo a toa, que tudo é manipulado... Meus velhos, acreditem, vão todos virar argentinos, pegar pedaços de pau e saírem quebrando a capital.

Deu para entender?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Solidariedade


Não vai ser mais um daqueles textos que tanto incomodam, dizendo que devemos ajudar o próximo por sermos seres humanos. Venho aqui para falar de solidariedade para com a minha grande amiga, a televisão. Há muito tempo vejo que ela tem sido maltratada por inúmeras pessoas e, por discordar completamente disto, me senti na obrigação de escrever a verdade.

No momento minha televisão está desligada, do meu lado. Olho para ela e vejo meu reflexo. É ela que olha de volta para mim. Está triste, porque ultimamente virou moda dizer que “A televisão manipula as pessoas”. Talvez ela esteja me manipulando a escrever sobre ela. Cruel televisão...

O que quero dizer é o seguinte: A televisão é inofensiva. Ela não faz nada de mais contra você. Há algum tempo foi inventado o controle remoto, aparato sensacional e indispensável no nosso cotidiano. Com ele você pode arrumar configurações, aumentar ou diminuir o volume e, principalmente, mudar o canal. Mudar o canal é um direito adquirido de – quase – todos que possuem uma televisão. Aí é que está a questão.

Informação vai e vem. Pela televisão, rádio, internet, sua sogra (esta última é ainda pior, porque quando começa não para nunca e, infelizmente, não temos o botão de desligar), etc. Em todo meio de comunicação, existem bons comunicadores e maus comunicadores. Neste caso, é claro, não estou falando de capacidade e sim de intenções. Existem informações que vem para fazer da sociedade marionetes. A televisão pode te passar muita porcaria, se assim você permitir. Jornalismo péssimo, séries péssimas, documentários péssimos. Tem até a Galisteu...

Mas a televisão também pode ser boa. Existem excelentes programas na televisão hoje em dia. Existem instituições que nem propaganda externa aceitam. Existe uma cultura muito boa na televisão. No fundo elas são que nem pitbulls, sabe? Tem aqueles que são criados para matar. Tem aqueles que são criados para ser companheiros pelo resto de suas vidas...

Lembremos, na próxima de falar de televisão: cada uma representa o dono que tem...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O tal do diploma...


(O texto é de minha autoria e também foi publicado no controle remoto. Vale o click!)

Antes que comecem me atirar pedras, afirmo que sou estudante de jornalismo e, independente do que rolar no dia 15, irei concluir meu curso. Mas vamos lá, todos estão esperando. Sou absolutamente contra um diploma para exercer a profissão jornalismo.

Muita gente tem dito que sem a necessidade do diploma o mercado vai ficar saturado. Hello? Observem o mercado. Ele está saturado há muito, muito tempo. Temos hoje, no Brasil, 497 cursos superiores de jornalismo com média de 26 estudantes formandos por curso. Amigo, me desculpe mas o mercado já está saturado e tem tempo. E quer saber a minha opinião sobre isso? Eu acho que o mercado vai é aliviar. Porque, graças a deus, 20 e tantos mongos da minha sala vão finalmente cair na real que aquilo não é para eles. Que não são e provavelmente nunca serão jornalistas.

Existem aqueles que gostam de toda essa parafernália de números, estatísticas, dados. Vou apresentar um dado curioso: Em países como Estados Unidos, Itália, Japão, Alemanha, França, Grécia, Suíça e Suécia não é necessário o diploma para exercer a supracitada função. Na contramão, exigindo o diploma, temos países como Brasil, Equador, Turquia, Colômbia, África do Sul, Costa do Marfim, Arábia Saudita, Congo, dentre outros. A interpretação é livre.

Todo dia discutimos a qualidade de ensino no Brasil. Não passa um dia da minha vida que eu não ouça alguma coisa ligada à isso. Quem sabe não vá acontecer de hoje para amanhã, mas sem a necessidade do diploma, os cursos ruins tendem a desaparecer. Não vai existir a necessidade deles. Por quê, diabos, alguém vai querer fazer algo opcional e ruim? Este ponto, por si só, solidifica a opinião de que, com a retirada permanente da exigência do diploma, as instituições que oferecerem um curso de Jornalismo, de especialização ou não, vão melhorar suas cadeiras; seus profissionais; sua atenção para com os alunos. Estamos falando sobre um nível elevado. Um nível digno de estudo que, particularmente, acredito que todos temos direito. Falamos sobre ensino no Brasil e uma melhora considerável parece utópica na maioria das vezes. Pois é, caros, estou apresentando uma oportunidade palpável e muito próxima para vocês.

Para piorar, tem aqueles que dizem: “Isso é injusto! Estudei quatro anos para me tornar jornalista! Quer dizer que os outros, sem diploma, vão pegar meu emprego?”. Caso isso aconteça, acredito que estamos acordados sobre a desnecessidade do diploma para exercer a profissão. E me desculpem os quadrados, mas Jornalista não é jornalista por um diploma. Um papel. Jornalista é jornalista por sua cabeça, por sua cultura, por sua consciência, por sua ética e por seu intelecto. Jornalista é jornalista. Ou se é, ou não é. Simples assim. E isso nenhum diploma deveria ter o direito de mudar...